WordCamp Porto 2013: Sem ti, não se faz

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Nota prévia

Este artigo é da minha exclusiva responsabilidade e não compromete mais nenhuma pessoa ou entidade; venho cansado de organizar um evento enorme que se transformou numa festa de amizade e boa vontade, dando de caras com um Portugal conformado, de costas viradas uns para os outros, à espera que um hipotético “outro” qualquer se mexa primeiro. Não gosto e não me conformo.

Vamos chamar as coisas pelos nomes

Depois de ter passado meses a organizar o WordCamp Europa 2013 e estar agora a analisar tudo o que se disse e publicou sobre o evento, chego à curiosa conclusão de que este evento foi mais falado em Portugal, do que um WordCamp em território nacional, o WordCamp Porto 2013.

Não vale muito a pena investigar porquê; provavelmente acabaríamos todos a abanar a cabeça, depois de ter ponderado longamente as palavras de Pessoa,  ou mais ainda as de José Gil, lamentando esta tão lusitana imobilidade:

Nisso, como em tantos outros aspectos, o Portugal de hoje prolonga o antigo regime. A não-inscrição não data de agora, é um velho hábito que vem sobretudo da recusa imposta ao indivíduo de se inscrever. Porque inscrever implica acção, afirmação, decisão com as quais o indivíduo conquista autonomia e sentido para a sua existência.

José Gil — Portugal Hoje, O Medo de Existir

Ou ainda, posto em música:

Tenham santa paciência.

O WordPress 3.6.1 em Português de Portugal já foi descarregado mais de 45 mil vezes e tem pouco mais de um mês. No WordPress.com existem mais de 200 mil sites em Português de Portugal.

São milhares, mesmo descontando os “puros” utilizadores que nunca mexem em código nenhum, os que usam o trabalho de dezenas de developers internacionais e de outros tantos developers e tradutores nacionais, doado gratuitamente para que possam prosperar nos seu negócios (e não só).

Os organizadores do WordCamp Porto 2013, fizeram um esforço extraordinário para proporcionar a todos um evento que possa servir de ponto de encontro a todos os developers, designers e utilizadores finais do WordPress, e que lhes possa aumentar exponencialmente o número de contactos e alargar os seus horizontes, com conhecimento que muito provavelmente não iriam obter em mais sítio nenhum. Esforço esse, uma vez mais, doado, claro está.

Isto sem falar do ambiente de festa típico de qualquer WordCamp que, e após ter estado pessoalmente em mais de 20, posso garantir que não vai falhar.

Há jogo, é?

Não? Então qual é o problema?

  • É conhecer uma comunidade única de simpatia e simplicidade?
  • É aprender coisas novas e potencialmente rentáveis?
  • É fazer contactos que se podem revelar cruciais para o futuro?
  • É conhecer algumas das pessoas mais visíveis na comunidade?
  • É passar um Sábado descontraído com festa e tudo no final?

É que francamente não percebo. Quero dizer: o preço não pode ser de certeza. Não sei de nenhum outro evento com este monumental retorno, e que custe 20€. É um preço mais simbólico do que outra coisa (e não nos esqueçamos que inclui almoço, coffee-breaks e uma t-shirt).

Do lado dos oradores, também não pode ser:

  • O Hugo trabalha na Automattic, directamente na equipa de aplicações móveis,
  • O Américo é nada mais nada menos do que o co-fundador da Comunidade Portuguesa de WordPress,
  • A Ana Aires, além de ser co-organizadora dos WordCamps Lisboa 2011, Lisboa 2012 e (sim) Europa 2013 tem muito a dizer sobre pequenas empresas dedicadas a WordPress,
  • A Siobhan, além de também ela co-organizadora do WordCamp Europa 2013 e Londres 2013, está a escrever um livro sobre a história do WordPress e é team-lead de todo o esforço de revisão da documentação,
  • A Ana Neves é perita em knowledge management, com vários eventos de renome organizados, especialmente o Cidadania 2.0,
  • Ter que apresentar o Hugo Fernandes é quase um insulto: designer de interacção, Creative Technologist, criador de apresentações únicas e memoráveis, guru de WordPress,
  • O Mario Peshev é o lead da Comunidade Búlgara, core-contributor do WordPress, trabalhou na WPML e colaborou com a Automattic, além de ter desenvolvido plugins que provavelmente usas neste momento.
  • … e mais todos os que ainda não foram anunciados

Então?

Anda lá, que isto sem ti não tem piada.

(PS: se não podes mesmo vir, há outras maneiras de ajudar)

10 pensamentos sobre “WordCamp Porto 2013: Sem ti, não se faz

  1. Sabes o que é que eu acho que é? Por um lado, o tuga deixa sempre tudo para a última hora (contra mim falo, que ainda não comprei bilhete, mas desta semana não passa), faz parte da nossa natureza.

    Por outro lado, é capaz de ser o facto de ser no Porto em vez de Lisboa. Faço parte de um clube de fãs de uma banda (Marillion), e os nossos encontros sempre tiveram muito mais adesão em Lisboa do que no Porto. Detesto ter de admitir isto, mas a malta do norte desloca-se muito mais para eventos noutros lados do que nós, alfacinhas, que estamos habituados a ser a capital e a ter tudo à porta. Depois alguém diz “é no Porto” e metade dos Lisboetas pensa “no Porto? Tchiii, tão longe!”. A solução passava por nos reeducar enquanto cidade, mas não me perguntes como.

  2. Mónica, por acaso tenho a opinião contrária. Há muito mais pessoas de Lisboa a deslocarem-se ao Porto (e ao Norte) do que ao contrário.

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