Luís Godinho

Luís Godinho em entrevista: Não há impossíveis com o WordPress

“Não há impossíveis com o WordPress”, refere Luís Godinho quase no fim da entrevista. Por isso, esta tem sido a ferramenta de excepção do programador da Gomo (que tem website novo) para o desenvolvimento do seu trabalho. É este CMS que usa, desde 2012, para criar websites e é para esta plataforma que cria temas e plugins. Mas isso não o inibe de dizer que gostaria de experimentar outras.
Para o futuro deseja que o WordPress tenha uma melhor gestão das imagens, quanto à sua organização, carregamento e redimensionamento.

Quando estás a desenvolver um projecto WordPress quais são as tuas ferramentas principais, em termos de aplicações, serviços?

Estava a olhar para a minha “dock” e aquelas aplicações que estão sempre “on”: Sublime Text (editor), GitHub (controlo de versões), Transmit (FTP) e MAMP (servidor local). Estou a ser induzido para começar a trabalhar com o IDE PhpStorm mas ainda não dediquei tempo para o explorar. Para as tarefas rotineiras como compilar SCSS, concatenar e mimificar JavaScripts, e copiar ficheiros, tenho usado o GRUNT.

Podemos conhecer o teu processo de trabalho, o teu ‘workfow’, ou os métodos habituais?

Como tenho a sorte de trabalhar com um designer, e tratando-se de um website para um cliente, ou um tema WordPress, o meu envolvimento no processo de desenvolvimento começa quando o cliente já aprovou o design e alguns templates estáticos em html. Para sites de cliente raramente utilizo o servidor local (MAMP), prefiro logo trabalhar no servidor do cliente, em ambiente controlado.

Utilizamos controlo de versões git, com os serviços Bitbucket e GitHub.

Quando se trata de desenvolvimento de plugins, ao contrário do que sucede com os sites, o desenvolvimento é feito maioritariamente no servidor local e apenas numa fase final testado em servidor web externo.

Experimentas novas aplicações e serviços com regularidade ou permaneces fiel às tuas preferidas?

Normalmente tenho um certo cepticismo em trocar de aplicações, especialmente com a ferramenta que utilizo mais tempo: o editor. Sempre que troco de aplicação, há uma fase de adaptação dolorosa, mas que não me impede de ter já passado pelo Espresso, Coda e agora Sublime Text e já a pensar em mudar para o PhpStorm como referido anteriormente, e que certamente trará grandes mudanças no workflow. Olhando para trás, houve sempre vantagens em ter mudado, especialemte, para Sublime Text que é muito rápido a abrir e a navegar projectos com muitos ficheiros e ficheiros longos.

Para o controlo de versões, depois da linha de comando, que ainda uso para Subversion quando preciso de actualizar os plugins que estão no repositório WordPress.org, usei o módulo git do Coda, tendo depois comprado o GitBox (que entretanto deixou de ter actualizações) e agora utilizo o GitHub que também passou a funcionar com o Bitbucket.

Mais recentemente, e antes de começar a utilizar o GRUNT, utilizei durante algum tempo o PrePros.

Trabalhas apenas com WordPress ou utilizas outros sistemas de gestão de conteúdos?

Neste momento trabalho em exclusivo com o WordPress. Gostava que o meu dia tivesse mais horas para poder dedicar algum tempo ao Ghost e ao Drupal, mas sinto que o WordPress tem muito para explorar e aprender. Para além disso, a comunidade WordPress cativou-me desde o primeiro contacto e o pouco tempo extra que tenho dedico a alguns projectos para a comunidade.

Fizeste um plugin para estender as potencialidades de pesquisa dentro do WordPress. Há quem diga que esta é uma das áreas onde o CMS tem muito que evoluir. Concordas?

Um dos primeiros projectos que desenvolvi para um cliente necessitava de uma pesquisa um pouco mais elaborada do que aquela que era oferecida com o WordPress na altura, que ordenava os resultados da pesquisa por data (e não por relevância) e incidia apenas nos títulos e nos conteúdos dos artigos. Na altura, as opções de plugins que extendiam esta funcionalidade eram demasiado complexos de configurar, criavam novas tabelas na base de dados com indexações dos conteúdos ou fugiam um pouco de um certo “purismo” ou dos padrões de código com os quais me identifico. Foi assim que surgiu a necessidade de criar o plugin geeSearch, que pretende mostrar que não é preciso grandes algoritmos, nem uma indexação xpto, nem queries SQL directas à base de dados, nem novas tabelas, para se conseguir de algum modo melhorar os resultados de pesquisa.

O WordPress 3.7 fez uma grande evolução na componente de pesquisa, introduzindo a relevância como primeiro factor de ordenação dos resultados e um principio de remoção de palavras curtas que não devem ser tidas em conta nos resultados. É um primeiro passo que melhora e muito a experiência de utilização para quem não pretende grande complexidade nesta componente.

Sobre se o core do WordPress deve evoluir nesta área, penso que nesta em particular, como noutras (por exemplo o multilingua) parece-me melhor que cada um instale o plugin que mais se justifica para o projecto em causa do que estar cingido a um conjunto de funcionalidades do core.

Tem havido, sobretudo nos últimos tempos, um intenso debate sobre os preços a cobrar por desenvolver websites WordPress e pelo facto daqueles que usam outras tecnologias serem, por norma, mais bem pagos. Podemos saber o que pensas sobre a política de preços?

A cada ano que passa os números mostram que o WordPress continua a crescer, movimentando hoje mais de 23% de toda a Internet. É por isso natural que exista mais concorrência ao nível dos prestadores de serviços WordPress e que exista algum movimento no sentido da redução de preços. Outras tecnologias de nicho, com poucos players, menos concorrência, podem fixar preços mais altos.

Em Portugal, que é um mercado pequeno e onde, em geral, se valoriza pouco a presença online, os preços de mercado são demasiado baixos. Há ainda a tendência, sobretudo no segmento das micro e PMEs, de “desenrascar” com um site configurado num dos serviços do-it-yourself. Parece-me que quem presta serviços em WordPress deve evitar competir directamente com os DIY e deve ceder à tentação de praticar preços baixos, pois coloca todo o mercado em risco. Para tal recomendo que as empresas e os freelancers se internacionalizem o mais possível em busca de mercados mais equilibrados.

Independentemente do factor concorrência, parece-me positivo que se discuta abertamente sobre as questões de preço, discussão que tem sido feita também ao nível da venda de produtos, temas e plugins. A meu ver estes são vendidos a preços muito baixos, muitas vezes por culpa dos próprios autores, o que pode criar situações de falência do próprio negócio.

Quais achas que devem ser os próximos passos do WordPress como CMS, aquilo que gostarias que tivesse e ainda não tem?

Há sempre pontos a melhorar, e gosto de ver que o desenvolvimento do core é muito activo. A minha maior dor de cabeça nos projectos de cliente é lidar com as imagens. Penso que há ainda melhorias que podem ser introduzidas na gestão das imagens, na sua organização e sobretudo no carregamento e redimensionamento das mesmas.

Alguma sugestão a quem está agora a começar a trabalhar com WordPress?

A aprendizagem não se esgota num livro ou num curso. Eu aprendo muito lendo os blogs de outros pares que trabalham em WordPress e tento sempre aperfeiçoar o meu próprio código. Outra fonte de aprendizagem é o próprio código fonte do WordPress. Por isso, a minha sugestão é que coloquem as mãos na “massa”. Não há impossíveis com o WordPress. E por fim, retribuir de alguma forma para a comunidade WordPress.

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