WordCamp Porto 2013: um apanhado

O WordCamp 2013, agora no Porto, terminou há pouco mais de 4 horas uma semana. Para mim combinou, em certa medida, alguns predicados das duas anteriores edições em Lisboa: a novidade do local e a experiência acumulada.

Se é certo que a equipa que levou a cabo o WordCamp Porto 2013 foi quase obrigada a voluntariar-se para trazer o WordCamp para o norte, também é verdade que os dois anos anteriores tinham já dado algum calo sobre o que esperar (e temer) de um evento desta dimensão, que se procurou transmitir no apoio ao novo grupo organizador. O brilhantismo e a dedicação do staff nortenho fizeram o resto. E eles foram mesmo brilhantes e dedicados.

O espaço

O Centro de Congressos do ISEP respondeu muito bem às necessidades de um WordCamp. Espaço amplo, localizado no pólo universitário, não exactamente no centro do Porto mas com óptimos acessos, ofereceu zonas excelentes para os dois dias do evento, e, em especial, uma equipa dedicada e que muito apoiou os detalhes de logística e as necessidades de ordem técnica. Um obrigado também especial aos voluntários que tornaram possível que o evento decorresse sem sobressaltos. Wifi 5 estrelas, live streaming do evento, refeições e pausas à altura, tudo contribuiu para que este WordCamp abra caminho a novas edições com tanto ou mais sucesso.

As talks

O Américo Dias arrebatou a abrir o dia. A história da comunidade, agora que começa a consolidar-se com três anos seguidos de eventos bem sucedidos, faz-se relevando os passos importantes e o seu impacto para que fosse possível existir, sem retrocessos. Não é de estranhar que a comunidade portuguesa se tenha começado a esboçar em volta da tradução do WordPress. Mas poder conhecer e ouvir o que foi o lançamento da primeira versão portuguesa do WordPress, há 6 anos, é um marco emocionante.

Voltar ao princípio foi também o propósito do Hugo Baeta, que mais uma vez nos mostrou como é importante, senão essencial, compreender a estrutura e funcionalidades básicas do WordPress e o seu poder para, só por si, gerirem sites eficazes.

De seguida, o Pedro Fonseca parece ter agarrado a deixa do Hugo e veio mostrar como, de uma forma muito simples (e barata), uma PME pode usufruir do potencial de uma ferramenta completa que, com alguns extras, responde no essencial às necessidades de qualquer empresa.

Depois da pausa, o Andrea Rota fez a sua segunda talk num WordCamp nacional, desta vez privilegiando os developers e a importância de usarem ferramentas que agilizem o desenvolvimento, com a apresentação de algumas dicas e soluções úteis.

A Ana Aires, que em anteriores WordCamps esteve nos bastidores, estreou-se nas apresentações com um tema difícil, os clientes. De uma forma extremamente concisa e proveitosa, baseou-se na experiência pessoal em diversos projectos para extrair algumas regras para lidarmos com os clientes. Pelo menos com alguns. A lição a reter parece ser que grande parte da ineficiência que atribuímos aos clientes é, de facto, uma incapacidade nossa de nos ligarmos à sua necessidade real, de percebermos o negócio e o objectivo do pedido.

O Vasco Leiria veio ao Porto contribuir para desfazer a ideia de que a administração pública só usa (e abusa de) software proprietário. Numa das (poucas) consequências positivas da austeridade, a falta de recursos é também um incentivo para novas abordagens baseadas em software livre. Neste teste, o WordPress passou com distinção, ao assegurar com recursos mínimos a gestão de informação de vários centros de saúde num mega-agrupamento da região de Lisboa, um dos maiores do país.

Após o (excelente) almoço servido na cantina do ISEP, a Ana Neves mostrou-nos a forma original como, graças ao WordPress, conseguiu desconstruir relatórios de informação exaustivos e de leitura exigente, e garantir formas mais simples de leitura e discussão sobre os conteúdos, um dos objectivos fundamentais do WordPress.

O Daniel Kanchev veio da Bulgária para mostrar algumas das artimanhas usadas por hackers para penetrarem na segurança do WordPress e tomarem posse de conteúdos e servidores. Com uma abordagem de mostrar em tempo real como e o que fazer, o Daniel deixou muita malta assustada com a vulnerabilidade de uma instalação mal defendida. E de certeza que isso serviu para melhorar uma área que não pode ser descurada, a segurança, a bem das nossas instalações mas também das dos outros.

A Ana Couto tinha um título inglês mas foi em português que nos mostrou a importância (e facilidade) com que podemos transformar um projecto WordPress em língua nativa numa solução virada para um público mais abrangente, com soluções que nos permitem, entre outros, integrar traduções de conteúdos, ter menus adaptados e até gerir uma loja online em diferentes línguas. Tudo com a flexibilidade típica do WordPress.

O Mario Peshev, à semelhança do seu compatriota búlgaro, abordou o WordPress de um ponto de vista mais técnico. Apresentou valiosas recomendações de processos, ferramentas e serviços para aumentar a produtividade e a eficácia das equipas de desenvolvimento em projectos mais complexos. Sistemas de versionamento, testes automáticos e gestão de dependências foram alguns dos temas abordados.

Após o reabastecimento, a Siobhan McKeown trouxe-nos de volta à história e aos tempos iniciais do WordPress, mesmo quando ainda não se chamava WordPress. A reter a ideia de que o WordPress é o resultado de uma dificuldade, à época, em resolver um problema crónico de publicar online de forma simples e elegante, um problema que juntou algumas pessoas numa demanda comum. O resultado é o que todos conhecemos, mas descobrir os pequenos episódios que lhe dão origem é emocionante, sobretudo quando se comemoram 10 anos sobre o seu início.

O Hugo Fernandes é um reincidente em WordCamps e, mais uma vez (que foi a última, confessou, antes de partir para um novo projecto), trouxe-nos Hello Ideas 2.0, uma perspectiva pessoal sobre a criatividade, o treino e a forma mais ou menos difícil como respondemos à mudança, seja de paradigma criativo, de projecto de vida ou de resolução de problemas.

Também já vem sendo hábito o encerramento do dia de apresentações do WordCamp ficar a cargo do Zé Fontainhas. Desta vez, o pretexto foi o que fazer da Comunidade Portuguesa de WordPress, agora que o desafio de expandir os eventos para o Norte se revelou brilhantemente superado. O WordCamp Porto 2013 demonstrou que há muita gente capaz para assegurar as actividades regulares de uma comunidade organizada e com objectivos definidos de divulgação, apoio e evangelização.

O hackday

hackday

No domingo, os participantes no hackday esforçaram-se mesmo por justificar, com trabalho árduo e muita concentração, a sua ausência na after-party da noite anterior (que terá mesmo sido o ponto menos conseguido deste WordCamp, e não é ao Porto e à sua impressionante movida que podem assacar-se responsabilidades, como testemunharam os poucos presentes – pelo menos os que ainda se lembram).

Com a orientação do Mario Peshev, que fez as honras da casa e a distribuição em grupos por tarefas, o dia foi preenchido com documentação, revisão de temas, tradução e suporte.

Houve ainda espaço para uma reunião de lançamento de uma nova fase da Comunidade Portuguesa de WordPress, que permita uma gestão mais eficiente e eficaz, tanto da infra-estrutura de suporte quanto dos que querem participar mais regularmente nas actividades e discussões da comunidade.

Balanço

O Porto mostrou que, no que toca a receber e a cuidar dos seus visitantes, não fica atrás de nenhuma outra cidade. A comer, a beber e a trabalhar, um fim-de-semana que certamente muitos de nós vão querer repetir, e muitas vezes.

O desafio de se fazer o WordCamp no Porto foi lançado na Primavera, o que não dava muita margem para hesitações. O começo foi difícil mas o resultado foi excelente. Para uma próxima edição, vaticino que o objectivo seja atrair mais gente da e para a comunidade. Tivemos cerca de 140 participantes mas há capacidade para receber mais. E tenho a certeza de que os nossos amigos do Norte já estão a pensar como.

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