Entrevista a Ricardo Correia: O relacionamento entre artigos e a reorganização das taxonomias é algo que gostaria de ver a avançar

Autor de um CMS próprio, que ajustava à medida dos projectos que desenvolvia, Ricardo Correia chegou ao WordPress em 2012. Não foi amor à primeira vista e o namoro terá tido os seus arrufos. Também desconfiava das potencialidades do software para além da componente blog. Mas assim que a paixão se acendeu, nunca mais olhou para trás e o WordPress, até ver, enche-lhe as medidas.

Com ele faz websites, lojas online, plugins e temas personalizados para os clientes da Samsys, empresa para a qual trabalha.

Ricardo Correia

Quando estás a desenvolver um projecto WordPress quais são as tuas ferramentas principais, em termos de aplicações, serviços?

Dependendo da complexidade do projecto as ferramentas que utilizo podem variar um pouco, mas a base é sempre a mesma, primeiro convém esclarecer que utilizo Windows tanto pessoal como profissionalmente e isso influencia bastante as minhas escolhas.

Editor: Sublime Text com algumas extensões instaladas para WordPress, CSS3 e jQuery
Compilador: Prepos. Para mim é o melhor compilador com versão Windows disponível no mercado, mesmo a versão gratuita.
Controlo de Versões: SVN e Git. SVN utilizo na empresa, foi uma escolha que fizemos devido ao conhecimento prévio existente na equipa assim como a existência de uma infra-estrutura previamente montada para o efeito. O Git é para projectos pessoais.
Stack: Xampp. Já efetuei alguns testes com máquinas virtuais utilizando o VMWare mas acabei por utilizar a solução mais simples devido à facilidade de configuração da mesma e poupança de tempo que origina.
Gestão de Tarefas: Trello. É bastante simples e permite organizar o que quer que queiras, é open source e gratuito, o que são dois pontos extremamente positivos.

Podemos conhecer o teu processo de trabalho, o teu ‘workfow’, ou os métodos habituais?

O tipo de projecto mais habitual é da criação de um tema personalizado para o cliente. Nestes casos, e devido à necessidade de obter uma aprovação inicial do trabalho a desenvolver, começo pelo design da maqueta utilizando o Photoshop. Cada vez mais tentamos que a maqueta seja apenas uma base, para o trabalho a realizar e não um design “fechado”.

Para a programação do tema gosto de usar o Underscores como base e utilizo o Gridpak para facilitar a criação da grelha. Inicialmente utilizava Bootstrap, mas cada vez mais opto pela criação de uma grelha própria pela flexibilidade permitida no decorrer do processo de criação.

Nos projetos em que a base inicial é um tema já existente, opto sempre pela criação de um child theme e pela implementação da maioria das funcionalidades de forma independente do tema, aproveitando mais o design e funcionalidades base e não toda a estrutura já existente como portfolios e outras.

Experimentas novas aplicações e serviços com regularidade ou permaneces fiel às tuas preferidas?

Tento sempre estar atento às novidades do WordPress assim como das restantes tecnologias web, gosto de experimentar o que vai aparecendo mas, na maioria das vezes, essas “novidades” acabam por não entrar no workflow de imediato.

Trabalhas apenas com WordPress ou utilizas outros sistemas de gestão de conteúdos?

Neste momento utilizo apenas WordPress e não me surgiu a necessidade de utilizar qualquer outro sistema.

Como muitos outros programadores, creio que tiveste o teu próprio CMS antes de optares pelo WordPress. Como ocorreu essa transição?

Inicialmente estava muito desconfiado. A ideia que o WordPress era para blogs estava enraizada no meu processo e foi difícil convencerem-me do contrário. Após o primeiro projecto totalmente em WordPress rendi-me às evidências e passei a defender a sua utilização sempre que possível.

A transição em si foi bastante fácil e rápida. O conhecimento prévio de PHP originado pela construção do CMS “pessoal” foi essencial para facilitar todo este processo. Aconselho a todos os que estão a começar o desenvolvimento de um “mini CMS”, de forma a perceberem como funciona a base de dados e todo o processo de validações, antes de passarem para a simplificação dos processos que o WordPress permite.

Qual foi, até agora, o maior desafio que tivesse num projecto WordPress?

Um dos maiores desafios é o volume de dados em algumas lojas online. Quando atinges um número de registos com dimensões consideráveis na base de dados a lentidão começa a fazer-se notar no website e, por vezes, é necessário optimizar a construção da página e ‘queryes’ de forma a garantir estabilidade e velocidade para o visitante.

Já surgiu algum momento ou circunstância em que pensaste que não conseguirias resolver o problema que tinhas em mãos com o WordPress?

Não, até ao momento o WordPress tem resolvido todas as necessidades.

Fazes, em conjunto com Vítor Silva, o podcast 10web. Com a colaboração dos vossos entrevistados, focam diversas facetas do desenvolvimento web. Em que patamar está o WordPress?

O WordPress está extremamente bem cotado como gestor de conteúdos. Como um possível “motor” de uma aplicação web já é outra conversa e ainda faz muita gente ficar com o pé atrás.

Cabe a nós developers e a todos os membros da comunidade à volta do WordPress a mudança dessa mentalidade.

Acredito que não exista uma ferramenta para resolver todos os problemas mas o WordPress aproxima-se muito desse nível.

Quais achas que devem ser os próximos passos do WordPress como CMS, aquilo que gostarias que tivesse e ainda não tem?

Na generalidade o core tem tudo necessário e o que não tem conseguimos alcançar com código ou com plugins que permitem colmatar a lacuna existente.

O que na minha opinião está em falta é a possibilidade de criar relações entre artigos de uma forma simples e integrada com o ambiente do core. Quando li isto, fui das pessoas que saltou de alegria por ver estas questões abordadas. O relacionamento entre artigos e também a reorganização das taxonomias é algo que gostaria de ver a avançar num futuro próximo.

Alguma sugestão a quem está agora a começar a trabalhar com WordPress?

A minha sugestão é começarem por “partir” um ou outro plugin que esteja reconhecidamente bem construído, assim como um tema e a partir daí tentar fazer o próprio.

Esta é um óptima maneira de entender como funciona o interior de um plugin ou tema e aprender algumas das funções mais utilizadas em desenvolvimento WordPress.

Outra sugestão, como não podia deixar de ser, é envolverem-se com a comunidade, quer seja participando em meetups e WordCamps ou através da participação no desenvolvimento de um plugin ou tema, é sempre uma boa forma de aprender e na minha experiência a maior parte das pessoas está disponível para ver o teu código, dar feedback e depois integrar no projecto caso seja aplicável.

Perfil em The Loop é uma rubrica do WP-Portugal. Procuramos conhecer, de forma breve e descomplexada, detalhes e opiniões de pessoas que trabalham com WordPress. As entrevistas tanto podem ser em texto, como em vídeo. É como nos apetecer. A nós e ao entrevistado.

Uma opinião sobre “Entrevista a Ricardo Correia: O relacionamento entre artigos e a reorganização das taxonomias é algo que gostaria de ver a avançar

  1. Para Gestão de Tarefas, além do Trello, também existem outras alternativas igualmente free e muito boas, como o Kanbanize ou até o Kanboard que é um script PHP self-hosted.

    Boas dicas neste artigo.
    Obrigado pela partilha 🙂

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