Ana Aires

Entrevista a Ana Aires: “Gostava que o plugin Advanced Custom Fields estivesse integrado no WordPress”

Apaixonou-se, nos últimos tempos, pelo phpStorm e gosta de estar envolvida nas várias fases de um projecto. Admite que gostava de ver o plugin Advanced Custom Fields integrado no core do WordPress, o único sistema de gestão de conteúdos com que trabalha.

Ana Aires, uma das faces da WidgiLabs, não foge à questão das mulheres na tecnologia e reconhece que é importante saber ouvir os clientes.

Quando estás a desenvolver um projecto WordPress quais são as tuas ferramentas principais, em termos de aplicações, serviços?

A minha mais recente paixão é o phpStorm e neste momento a minha ferramenta de eleição para desenvolvimento. Uso o PHP Code Sniffer para manter o código limpo e seguir os Coding Standards do WordPress. Além disso uso o bitbucket para controlo de versões.

Podemos conhecer o teu processo de trabalho, o teu ‘workflow’, ou os métodos habituais?

Pessoalmente gosto de estar envolvida nas várias fases de um projecto, desde a reunião inicial com o cliente para perceber melhor o que ele precisa, que às vezes é diferente do que ele quer, passando pela validação do Design até a entrega final.
O projecto tipo em que sou eu a gerir passa por um levantamento de necessidades, brainstorm antes do design, design e validação. Eu não faço design mas gosto de contribuir com ideias para garantir que a função vai ficar alinhada com o que se desenha.
A fase de implementação seja tema WordPress ou Plugin implica usar uma estrutura base, tipicamente o UNDERSCORES, ou uma estrutura de plugin base que a WidgiLabs tem. Temos sempre um ambiente local de desenvolvimento, um ambiente de staging de testes e o final de produção.
As funcionalidades são validares em staging que é o ambiente em tudo igual à produção e após testes entram em produção.
Tipicamente os clientes podem acompanhar as várias fases do projecto em staging.

Experimentas novas aplicações e serviços com regularidade ou permaneces fiel às tuas preferidas?

Eu não sou a típica “early adopter”, tenho a sorte de trabalhar com outras pessoas que tipicamente estão sempre em cima do acontecimento e partilhamos muito em equipa.
Há, no entanto, temas que eu tenho mais interesse como, por exemplo, optimização de recursos e gestão de projecto. Aí faço a minha pesquisa, nomeadamente no que toca ao IDE que usamos para desenvolvimento, como ao software que usamos de gestão de projectos.

Trabalhas apenas com WordPress ou utilizas outros sistemas de gestão de conteúdos?

Uso exclusivamente o WordPress. Conheço as alternativas pois o nosso trabalho assim exige mas não desenvolvo fora do WordPress. É aí que me tenho vindo a especializar e é com a ferramenta e a sua comunidade que mais me identifico.

Empresas e clientes

Na apresentação que fizeste no WordCamp Porto, no ano passado, abordando o relacionamento empresa / clientes, fiquei com a ideia de que a frase chavão “não podemos viver com eles, não podemos viver sem eles” se aplica na perfeição. É assim?

Sim, é verdade. Gerir os clientes é um desafio, cada um tem as suas particularidades e exigências. O que eu observo é que eu, como engenheira, e outros colegas com o mesmo background, temos um conhecimento muito especifico e uma visão muito prática das coisas. Temos pouca tolerância a ambiguidades e a incertezas, que é tipicamente o que os clientes trazem. Mas se eles tivessem as mesmas certezas que nós, não precisavam de nós. Portanto é preciso saber ouvir, retirar o acessório e mostrar que os entendemos e que, no final, eles vão ficar com a solução que melhor lhes vai servir. Se conseguirmos passar essa mensagem eles relaxam, sente-se alinhados e o trabalho corre melhor. Levei bastante tempo a chegar a esta conclusão mas a verdade é que na maioria das vezes o cliente não sabe o que quer e isso está ok!

Há alguma das vertentes da WidgiLabs que te deixe mais orgulhosa?

Este é um tema super importante para mim. Um dos meus lemas, e que tento impregnar na WidgiLabs, é: não entregar nada do qual não estejamos orgulhosos. É precisamente essa cultura da WidgiLabs que me deixa mais orgulhosa. A única forma que temos de fazer isso é olhando para os projectos como se fossem nossos. Não somos o fornecedor, somos o parceiro, e aquele projecto passa a ser o nosso “filho” e temos sempre uma atitude critica e construtiva.
Por outro lado e de uma forma mais concreta, o nosso produto para eventos o http://www.wpconferencetheme.com deixa-me especialmente orgulhosa porque é a concretização do que nos propusemos fazer na WidgiLabs, não só serviços mas também produtos. Ainda há muito a fazer mas quem está nesse caminho sabe que não é uma gestão fácil e por isso é com muito orgulho que vejo cada passo.

As mulheres na tecnologia

Um dos slogans da empresa é “software can be fun”. Como é que consegues? 

Há duas vertentes nesta afirmação. A primeira diz respeito a uma atitude interna da WidgiLabs. Nós queremos divertir-nos com o que fazemos. Temos momentos de stress, é verdade, mas divertimo-nos. Isso reflecte-se no tipo de projectos em que estamos envolvidos, nas equipas com que trabalhamos e no sítio onde trabalhamos, o CoworkLisboa é um óptimo espaço e permite um ambiente de trabalho descontraído e informal.
A segunda vertente é, nos próprios trabalhos que fazemos, procuramos sempre fazer soluções que se destaquem, que tenham um apontamento diferente que levem os utilizadores a interagir. Lembro-me de um site que fizemos para um serviço de venda de camisas de homem à medida, em que propusemos uma área de personalização da camisa animada para fugir ao clássico 3D. Foi um desafio ‘fun’ de implementar e, na minha opinião, o resultado final resulta muito bem e é diferenciador.

Nos últimos tempos têm sido publicados alguns artigos de opinião acerca da necessidade das mulheres assumirem uma maior intervenção, e liderança, no mundo das tecnologias. O que pensas disto?

Acima de tudo eu acredito que deve liderar quem tem competências para liderar independentemente de ser homem ou mulher.
É verdade que fico muito agradada quando vejo uma mulher nessa posição mas não acho que se deve fazer campanha para isso. Acho no entanto que as mulheres não devem ser descriminadas, por exemplo não sendo escolhidas para esses cargos, apenas porque são mulheres.
Eu sinto na pele várias vezes que tenho que provar o meu valor, estou sempre a ser testada e não vejo isso acontecer da mesma forma no universo masculino. Há uma camada de preconceito para com as mulheres tão impregnada e subtil que os homens nem sempre se apercebem que a estão a exercer. Por exemplo, neste último WordCamp Europa aconteceu o seguinte episódio: num comentário do painel sobre as mulheres na tecnologia há alguém que grita na plateia “we love women” e surgiu uma onda de aplausos masculinos. É parvo, é parvo porque nem se apercebem que as mulheres na sala devem ser reconhecidas pelo seu mérito e não pelo seu género.

Quais achas que devem ser os próximos passos do WordPress como CMS, aquilo que gostarias que tivesse e ainda não tem?

De cada vez que faço um site gostava que o plugin Advanced Custom Fields estivesse integrado. Nem me vou alongar sobre se faz sentido ou não, é mais um desejo pessoal do que outra coisa. Depois dentro da área da Internacionalização penso ainda haver muito espaço para se melhorar.

Alguma sugestão a quem está agora a começar a trabalhar com WordPress?

Para quem está agora a começar a melhor sugestão que eu posso dar é a de ir às meetups e WordCamps que estão à disposição e envolver-se na comunidade. Aprende-se muito e fazem-se bons amigos. O resto está online!

Foto: Tiago Figueiredo

Perfil em The Loop é uma rubrica do WP-Portugal. Procuramos conhecer, de forma breve e descomplexada, detalhes e opiniões de pessoas que trabalham com WordPress. As entrevistas tanto podem ser em texto, como em vídeo. É como nos apetecer. A nós e ao entrevistado.

Leave a Reply