Zé Fontainhas

Zé Fontainhas: “Um WordCamp é como plantar uma semente de serendipidade”

“How WordCamp Europe Came to Be” é o nome da apresentação de Zé Fontainhas que abre a sala 1 no primeiro dia do WordCamp Europa 2015, em Sevilha, já daqui a menos de 48 horas. Será uma espécie de visita ao passado recente, de como nasceu este evento, contada por um dos seus fundadores.

Vais falar sobre como nasceu o WordCamp Europa e a aprendizagem obtida nesse processo. Sem querer desvendar o essencial da apresentação, podes contar-nos se esses desafios foram diferentes daquilo que estavas à espera quando começaste?

Muito diferentes, sobretudo porque a ideia era, antes de mais, fazer, sem uma noção muito clara do que isso envolvia. Apesar de já ter organizado WordCamps antes deste e estar perfeitamente a par dos desafios que isso representa, um WordCamp “continental” é todo um outro campeonato. Começando pela coordenação com a WordPress Foundation (a quem foi preciso pacientemente vender a ideia) até ao facto de toda a equipa ser remota e só se ter visto ao vivo alguns dias antes do evento.

No que diz respeito à comunidade WordPress, as fronteiras europeias existem ou há uma liberdade de circulação ao ‘estilo Schengen’?

Não acho que alguma vez tenham existido, na verdade. Uma (das muitas) razões para criarmos este evento foi precisamente constatarmos que estávamos sempre a encontrar-nos num WordCamp de uma qualquer cidade europeia, incluindo Lisboa. É fácil viajar na Europa e a mim fazia-me confusão ver europeus a conhecerem-se pela primeira vez em São Francisco. Eu mesmo conheci alguns.

Este é o único WordCamp continental que existe e foi apenas necessária uma edição (de duas já realizadas) para o assumir como dos mais importantes eventos da comunidade. A palavra ‘êxito’ serve para classificar o WCEU?

Sem querer ser juiz em causa própria, diria que sim, muito além das nossas expectativas. Não só pelo evento em si, que correu melhor do que alguma vez ousaríamos sonhar, como também pelas repercussões que teve num número significativo de comunidades europeias locais, incluindo as que foram criadas depois do evento, muito provavelmente por causa do evento.

Por norma, ficamos sempre com a sensação de que teríamos feito algo diferente, sabendo o que hoje sabemos. Também te aconteceu neste caso? Se sim, o que farias diferente?

Claro, mas são considerações de pormenores, de logística (a não ser ter agendado mais tempo para dormir e ter feito algum preparação física, talvez. Agora já sei 🙂 ). De resto, estou convencido que estando sempre focados como estivemos em organizar um evento verdadeiramente único, conseguimos garantir que todos, incluindo os visitantes sentiram a importância e contribuíram para criar esse espírito. Essa é a único ponto que não pode nunca ser diferente.

Uma das preocupações de quem organiza um WordCamp é procurar agradar a todos os níveis da comunidade, dos iniciados aos avançados, e isso não é fácil. No caso do WCEU essa preocupação também se justifica?

No caso do WordCamp Europa essa não foi uma consideração central, foi apenas uma de várias: dado que tínhamos dois dias de evento (mais o dia dos contribuidores) e duas “tracks” por dia, foi relativamente fácil distribuir os interesses de todos os visitantes para que pudessem aproveitar ao máximo as apresentações em que estavam mais interessados.

E já agora, não estou nada de acordo com a premissa de que é preciso procurar agradar a todos os níveis da comunidade. Sou da opinião que aquilo que é mesmo preciso, seja num evento de três dias e mil visitantes ou num de um dia e 150 visitantes, é sim garantir um ambiente em que todos se sintam à vontade para falarem uns com os outros, para se conhecerem. Como que plantar uma semente de serendipidade. Não há WordCamp a que vá (e já fui a muitos) em que não chegue o momento em que me apanho a pensar que o mais importante do evento não são as apresentações (essas são como que as lojas âncora de um centro comercial), mas sim tudo o que se passa à volta das mesmas.

Se vão organizar um WordCamp, nunca mas nunca se esqueçam da “after-party” 😉 É muito mais importante do que aparenta.

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